domingo, 15 de fevereiro de 2009

Rio Preto (Parapeúna)

A estação de Rio Preto foi aberta em 1880, como ponta de linha da E. F. Valenciana. A linha corria nesse trecho na margem sul do rio Preto, que divide os Estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais. Curiosamente, a estação tinha o nome da cidade que estava em solo mineiro, do outro lado do rio, a cerca de cem metros apenas da estação. A cidade de Rio Preto era alcançada por uma ponte. A estação ficava em solo fluminense, no município de Valença, próxima à fazenda Santa Fé. Uma antiga foto da estação, ainda com o nome de Rio Preto, mostra que o prédio tinha dois andares. O segundo andar foi suprimido mais tarde. Nos anos 40, o nome da estação foi alterada para Parapeúna, nome do atual distrito do qual a vila é sede. A estação foi incorporada, juntamente com a ferrovia Valenciana, pela Central do Brasil em 1910, passando a fazer parte do ramal de Jacutinga da Rede de Viação Fluminense, que seria logo prolongado, unindo a Linha Auxiliar com Santa Rita de Jacutinga, já em Minas Gerais. Em 1972, o trecho foi extinto e a estação, desativada. "Sabido, sacudido e distinto, aos 21 anos, foi fácil para Joaquim de Souza Moreira, o Quim Aniceto, arrumar colocação da fábrica de manteiga em lata, mantida desde 1912 pelos Vieira Monteiro na fazenda Bom Retiro, na margem fluminense do Rio Preto. Bem em frente, no lado mineiro, a fazenda de Sinhá Maria Guedes até telefone tinha. Era 1958. O baronato já sumia, mas seus cafezais ainda conviviam com vacas leiteiras, entre Amparo e Vassouras, no Rio, Santa Rita do Jacutinga e Rio Preto, em Minas. Quedas d´água tocavam turbininhas e a energia excedente na da Bom Retiro ia, por um fio sobre a mansidão verde-musgo do rio, até a fazenda de Sinhá. Havia telégrafo na estação do trem, que vinha do Rio por Valença. Beleza bem européia. 1970. O ministro dos transportes Mario Andreazza parou o trem: "antieconômico", como os ramais hoje baleados pela globalização. A reboque foi-se telégrafo, e o pessoal passou acocho: não tinha estrada e leito de trem é ruim para cavalo - dormente se finge de mata-burro. Sem transporte, o cafezal virou lenha e as vacas, bife. O desmate, inclusive do café, minguou os córregos - e a luz foi-se apagando. A da Bom Retiro já mal dava para a fábrica, e Sinhá acabou sem. Os abonados do café com leite pararam de conversar com o mundo e a telefônica faliu. Tristeza, bem brasileira (...)" (Gazeta Mercantil, "Uma história em cada margem", 26/05/1998). O texto conta a degradação da vida causada pelo êxodo rural, processo que não atingiu somente essa região, mas o Brasil inteiro. Aí, entretanto, a retirada do trem teve importância grande, pois a substituição pelo transporte rodoviário não foi o que foi prometido na época. O texto cita ainda a fazenda Bom Retiro como sendo na margem fluminense, mas Max Vasconcellos, em 1928, cita a mesma fazenda como estando no lado mineiro, em Rio Preto. A velha estação serve hoje de gabinete para a sub-prefeitura do distrito. Segundo Gustavo Abruzzini, ela perdeu o segundo andar, tendo sido descaracterizada. Pertence a uma cooperativa de produtores de leite e está alugada tanto para a sub-prefeitura como também para a agência dos Correios.
fonte: www.estacoesferroviarias.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário